Brasília recebeu nesta quarta-feira (18/11), mais de 4 mil mulheres negras de todos os cantos do Brasil para a Marcha das Mulheres Negras. Elas atenderam à convocação das chamadas que ecoam pelas grandes cidades, pelo interior do Norte e Nordeste, favelas e quilombos, juntando jovens e mães de santo, intelectuais, estudantes, mães que perderam seus filhos ou maridos para a violência.
De São José dos Campos saiu um ônibus levando cerca de 30 mulheres do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Essas mulheres são representantes do movimento negro, Dandara, do assentamento do MST e da Coordenadoria Racial da Prefeitura de São José.
A Marcha das Mulheres Negras defende que a construção de relações de convivência sem racismo exige participação coletiva e organizada. Neste ano, o tema da movimentação é “Contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver”.
O Brasil tem 49 milhões de mulheres negras, Isto é, 25% da população brasileira. Elas vivenciam a face mais perversa do racismo e do sexismo, por serem negras e mulheres. Enfrentam diariamente a forjada superioridade do componente racial branco, do patriarcado e do sexismo, que fundamenta e dinamiza um sistema de opressões que impõe, a cada mulher negra, a luta pela própria sobrevivência e de sua comunidade. Essas mulheres enfrentam todas as injustiças e negações de nossa existência, enquanto reivindicamos inclusão a cada momento em que a nossa exclusão ganha novas formas.
A marcha
A Marcha foi idealizada em Salvador (BA), por ocasião do Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI: Encontro Ibero Americano do Ano dos Afrodescendentes, em 2011. Trata-se de uma iniciativa de articular as mulheres negras brasileiras. A intenção é aglutinar o máximo de organizações de mulheres negras, assim como outras organizações do Movimento Negro, sem dispensar o apoio de organizações de mulheres e de todo tipo de organização que apoiem a equidade sociorracial e de gênero.
O objetivo, entre outros, é dar maior visibilidade a situação de opressão secular da mulher negra, homenagear as ancestrais e exigir do Estado brasileiro, bem como de todos os setores da nossa sociedade, respeito e compromisso com a promoção da equidade racial e de gênero, a fim de que possamos exercer plenamente seus direitos como cidadãs brasileiras e construtoras históricas deste país chamado Brasil.